Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

20 de agosto de 2012

Chorar, ou não chorar...


Nunca fui dada à poesia. Mas, ao ler um poema de MaryElizabeth Frye, tive uma inspiração e apeteceu-me fazer-lhe o negativo. Lembram-se dos negativos das fotografias, quando ainda se usavam rolos?

Hesitei em publicar esta minha ideia, pois, no fundo, penas peguei em algo que já existia e pu-lo ao contrário. Mas aqui vai. Primeiro, o original:

Do not stand at my grave and weep;
I am not there. I do not sleep.
I am a thousand winds that blow.
I am the diamond glints on snow.
I am the sunlight on ripened grain.
I am the gentle autumn rain.
When you awaken in the morning's hush
I am the swift uplifting rush
Of quiet birds in circled flight.
I am the soft stars that shine at night.
Do not stand at my grave and cry;
I am not there. I did not die.

(Mary Elizabeth Frye)

E, agora, o negativo, de minha autoria:

Chora, perante a minha sepultura.
Porque parti. Porque morri.
E, mesmo fazendo parte do infinito,
Sendo um dos mil ventos que sopram,
Sendo os cristais de neve que cintilam,
Sendo o sol sobre os matagais,
Sendo as suaves chuvas outonais,
Sendo o voo dos pássaros,
Não sou eu mais.
Sempre que de mim te lembres,
Seja eu vento, sol, neve, ou chuva,
Chora a mágoa que te oprime o peito,
Porque eu sou isso tudo, menos eu.
Eu não estou cá. Eu morri.



2 comentários:

Bartolomeu disse...

Parece-me que as duas formas se completam, Cristina.
Aliás, como nas fotografias e em tudo na vida, existe o lado positivo e o negativo, também na forma de entender a morte e de a apresentar plásticamente, se achará a forma negativa que a torna inteira.
será?...
;))
E assim sendo, abriste-me o apetite para ir escrever algo baseado no "weep"; serei capaz?!
;))

Cristina Torrão disse...

Temos medo da tristeza e do sofrimento, mas a melhor maneira de lidar com eles será assumi-los. Poucas coisas nos fazem melhor do que chorar à vontade, quando sentimos essa necessidade.

Quanto à forma negativa da morte, há quem diga que existem universos paralelos, sendo uns o negativo dos outros. Sendo assim, também haverá o negativo da Terra e de todos nós. E o da vida e o da morte, embora isso possa estar para além da nossa compreensão.

Quanto à tua inspiração, o melhor é tentar ;)