Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

16 de dezembro de 2015

Um Amor Inventado




Começo com uma citação tirada de um outro livro, Portugal - A Flor e a Foice, de J. Rentes de Carvalho:

«Para eles [escritores] o povo era folclórico, estúpido, pobre por culpa da sua própria ignorância. Quando se lêem os romances em que, supostamente, o povo está presente, constata-se na generalidade este fenómeno curioso: aquele povo não existe, é a imagem deformada obtida pelos escritores que vão à província ver os camponeses como os curiosos vão a um jardim zoológico ver os animais. A prova: na maioria, na grande maioria dos romances portugueses, os personagens populares são postos a falar com empolamento académico, ou então com a ênfase pesada dos maus dramas de teatro».

Comecei com esta citação porque José Cipriano Catarino faz precisamente o contrário: descreve, como ninguém, o nosso povo, a sua linguagem, a sua mentalidade, o comportamento, o modo de vida. Ele tem a capacidade de despir a nossa província dos seus enfeites, dando-nos a ver o interior, o verdadeiro corpo, sem fantasias nem laivos de intelectualidade. Estes retratos são tão fiéis, que qualquer um de nós se reconhece nos seus livros, mesmo aqueles que nasceram e foram criados numa cidade. Os seus romances convidam à reflexão sobre o nosso país e o nosso passado.

Sobre o enredo em si, cito a sinopse da LeYa Online, onde se pode adquirir este romance sob a forma de eBook:

«Governa Salazar com mão de ferro este país pobrezinho mas remendadinho quando dois jovens, seduzidos pelas proezas do grande ciclista Alves Barbosa, saem pela primeira vez da aldeia natal, à aventura, para fazerem, também eles, a Volta a Portugal em bicicleta (…) Decididos a abreviar o périplo, querem, mesmo assim, terminar com proeza que lhes assegure glória: a Serra da Estrela e a subida até à Torre. Na descida, em Manteigas, um deles inventa o amor, apaixonando-se por humilde sopeira, e essa paixão vai crescer como o Zêzere, tão humilde na nascente, verdadeiro mar em Castelo de Bode».


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